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Cartografia Crítica

 O panorama de uma paisagem fragmentada 

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1.Contextualização

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Mapa de Regiões Administrativas do DF

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A área de estudo analisada é a região administrativa de Samambaia. É a RA de número XII, que fica localizada na Unidade de Planejamento Territorial Oeste, que envolve o conjunto de regiões administrativas situadas ao longo da área com maior densidade demográfica do território do Distrito Federal.

Mapa das Unidades de Planejamento Territorial Oeste

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2.Caracterização

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Em 1987, surgiu o Plano Estrutural de Organização Territorial do Distrito Federal - PEOT, sendo uma das funções, criar o projeto Urbanístico de Samambaia. O projeto da nova RA tinha como função abrigar a população do DF, que havia sofrido um aumento, e erradicar as invasões, assim como no projeto de Ceilândia, a partir da Campanha de Erradicação de Invasão.

Iniciado em 1982, o Projeto Urbanístico de Samambaia teve como implantação parte da área das chácaras desapropriadas, a partir do Decreto nº 7.730, de janeiro de 1983.

O processo de implantação ocorreu em três fases. Primeira fase (1984): Propagação de um espaço planejado e urbanização a partir de propagandas e outros meios. Em 1985, A RA recebe os primeiros habitantes, sem conter a infraestrutura prometida (água, luz, esgoto e transporte), obrigando a população a se instalarem de forma precária(PDL, 1999); Segunda fase (1988): Execução do Sistema Habitacional de Interesse Social (SHIS)), com a entrega de casas de cunho popular; Terceira fase (1989): Aumento populacional da RA a partir da transferência de famílias provenientes de invasões, inquilinos de fundo de lote e cortiços.

Por fim, o crescimento de Samambaia não ocorreu como planejado, tendo em vista que o plano era que sua ocupação ocorresse de forma gradual, e não da forma como foi realizada.

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A área urbana está consolidada entre Samambaia Norte e Samambaia Sul, estes são separados pela rede elétrica de alta tensão, subsequente das estações de Furnas que  abastece o Distrito Federal. Amalha urbana é caracterizada pela subdivisão entre  118 quadras residenciais (QR), 174 quadras comerciais e serviço (QS) e duas quadras industriais (QI).

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Mapa de Furnas e subestações elétricas

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Mapa de Unidades de preservação e Parques Urbanos

Na questão ambiental, a área urbana faz interface com uma das áreas de relevante interesse ecológico, nesse caso a ARIE-JK. Ela é indicador de grande biodiversidade e conta com afluentes hídricos e nascentes. Nela se encontram os dois parques urbanos de Samambaia,  o Refúgio da Vida Silvestre Gatumé e o Parque Três Meninas.

3.Ocupação

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No que diz respeito a ocupação do solo, Samambaia conta com grande parte da sua mancha urbana concentrada na parte leste de seu território. Nela, existem diversas configurações espaciais de tipologias de habitação indicadas em amarelo no mapa como lotes registrados. Samambaia conta com duas Zonas de Interesse Social (ZEIS), em sua porção mais a oeste, fazendo interface com a linha de alta tensão. É notável o grande crescimento de loteamentos não registrados que ultrapassam os limites da área de preservação, o que causa danos ambientais a fauna, flora, solo e as nascentes. Também é presente a tendência de expansão na sua região mais a oeste, longe da infraestrutura urbana consolidada e do centro. Uma pequena porção na sua parte norte apresenta expansão em processo de regularização.

As quadras mais próximas a linha de alta tensão mostram uma tendência a um desenho mais rígido, com eixos axiais e configuração que remete as unidades de vizinhança de Lúcio Costa, enquanto as mais próximas a BR-060 e a as áreas de preservação apresentam um desenho  mais orgânico em sua configuração que, apesar de favorecer uma percepção mais clara da paisagem, carece de melhor distribuição de áreas verdes e equipamentos públicos de esporte e lazer.

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Em seu extremo oeste, existe uma proximidade significativa com a Estação de Tratamento de Esgoto da CAESB e do Aterro Sanitário do Distrito Federal, que gera impactos ambientais de conforto, uma vez que a área de influência dos odores ultrapassa os limites urbanos.

Estudo de tipologias e a tendência de verticalização

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Em sua configuração espacial, os loteamentos seguem o Projeto Urbanístico de Samambaia, implantado 1982. Em 1988, a SHIS criou casas populares destinadas a pessoas de baixa renda, implantadas na parte norte da cidade, nas quadras das 400 e 600.   A tipologia de habitação mais presente na RA é a casa unifamiliar, em sua grande maioria em casas térreas e de com até 2 pavimentos. Muitas delas não respeitam os limites dos lotes e avançam nas calçadas e áreas verdes vizinhas, tornando a caminhabilidade mais difícil.

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As áreas urbanas do DF tem mostrado um proeminente movimento de verticalização de seus centros, mostrando um crescimento considerável em suas centros e áreas próximas a um transporte público mais consolidado, como as áreas que são abarcadas pela linha de metrô. Dessa forma, as habitações unifamiliares são substituídas por prédios residenciais e condomínios verticais com 4 pavimentos ou mais, aumentando a densidade populacional da área urbana. Dessa forma, os equipamentos urbanos e a infraestrutura fica prejudicada uma vez que não consegue acompanhar a velocidade desse crescimento e também gera um movimento de gentrificação, pois as dinâmicas de renda da região se transformam.

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Mapa de demografia e densidade urbana

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Com base nos mapas de transporte público, nota-se que as estações ativas de samambaia estão presentes apenas em uma parte de sua extensão, além de que seu eixo separa Samambaia Sul de Samambaia Norte. 

Em comparação às estações de Ceilândia e de Samambaia, é possível perceber a diferença tanto na quantidade de estações, quanto na área de influência. Em Ceilândia, observa-se que o raio das estações tangenciam entre si, fazendo com, na RA em questão, o acesso ao metrô seja facilitado por respeito à área de influência dos pontos. 

A partir do mapa de verticalização, pode-se aferir que, nos lotes próximos às áreas de influência, há uma maior ocorrência de tipologias verticalizadas, mostrando o adensamento na zona de influência do metrô, e a necessidade que a população tem de ocupar as localidades próximas às estações.

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Com fundamento no mapa acima, nota-se que grande parte das ciclovias de Samambaia estão dispostas próximas à linha do metrô. Entretanto, acontece apenas uma ligação direta com a penúltima estação ativa.

Outra análise que pode ser retirada com base no mapa, é a ligação das ciclovias com as RA’s adjacentes de Samambaia. Além disso também é possível comparar o sistema cicloviário com o de Ceilândia, em que é perceptível um maior número de eixos e de conexões com a malha urbana, além de que as ciclovias foram dispostas seguindo os eixos viários da Região Administrativa.

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Principal meio de transporte da casa até a escola de todos os.png

Fonte: CODEPLAN/DIEPS/GEREPS/PDAD2021

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4.Paisagem

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Anne Cauquelin (2007, p. 16) em sua teoria da paisagem, define a mesma como “um conjunto de valores ordenado em uma visão”, dessa forma, podemos concluir que a paisagem urbana está condicionada à visão do observador, sendo esta estabelecida pela sucessão de campos visuais em estações e intervalos que por fim são definidas de acordo com os percursos. Dentro dessa concepção, elementos de conexão e marcos são vitais nos aspectos da percepção para que os campos visuais sejam estimulados e não exista uma monotonicidade na paisagem urbana.

 

Por sua configuração ​​urbana extremamente residencial com tipologias unifamiliares e casas térreas, a paisagem urbana está condicionada as fachadas das residências, estas muitas vezes em condições precárias de conservação e regidas por muros e grades. Entretanto existe um elemento visual notável dentro da construção da paisagem da cidade: as linhas de alta tensão. As torres de transmissão são um elemento vertical visíveis de todos os pontos da cidade, dessa forma, em aspectos de topocepção elas atuam como âncoras visuais dentro do meio urbano, facilitando assim o princípio da orientabilidade nos seus espaços.

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5.Bibliografia

COSTA, Graciete Guerra da. As regiões administrativas do Distrito Federal de 1960 a 2011. 2011. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade de Brasília, Brasília, 2011.

LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

KOHLSDORF, Maria Elaine. Dimensões Morfológicas do Processo de Urbanização - A Dimensão Topoceptiva/Relatório de Pesquisa n° 3. Brasília: CNPq/FAU-UnB., 1993.

CAUQUELIN, Anne. A invenção da paisagem. São Paulo: Martins, 2007.

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Universidade de Brasília

1/2022

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